O espectador comum sabe que nos
últimos anos, os cinemas nacionais estão demonstrando obras magníficas, únicas
para seu respectivo cinema e principalmente estão ganhando respectivamente
bilheteria, publico e prestigio. Mas ao mesmo tempo, esse mesmo espectador
comum também cresceu vendo o glamour e a magia de Hollywood. Imagine para esse
mesmo espectador perceber que existem tantas adaptações cinematográficas,
tantos remakes, e principalmente, tantas continuações que uma obra considerada
original (ou sem esses elementos) pode ser considerado um oásis nesse circulo
vicioso que se transformou o cinema norte americano.
Graças a filmes como Spy do diretor
Paul Feig, estamos não somente diante de um dos melhores filmes do ano, mas
também uma das melhores desconstruções de personagens no cinema atual. O filme
toma partida no dia a dia da analista da CIA Susan Cooper (Melissa McCarthy)
que serve como olhos para o agente Fine (Jude Law) durante as missões de campo.
Após a morte do agente nas mãos de Rayna (Rose Bryne) e da mesma revelar que
conhece todos os agentes de campo da CIA, a organização transforma Susan em uma
agente de campo para desvendar não somente o assassinato do agente caído mas
também descobrir a localização de uma bomba atômica.
Se transforma admirável essa
linguagem de espiões voltar de uma maneira bem significativa em 2015. Já teve
em um mesmo ano o brilhante Kingsman, o efetivo The Man From Uncle e no fim do
ano, a volta de James Bond nas telas com SPECTRE. Mas o que faz Spy ser tão
especial é o pulo do gato que faz dentro do gênero. Primeiro de tudo, não é uma
paródia e sim um exercício de humor impagável dentro do gênero. Também inclue
algo que se tinha visto em Azul é A Cor Mais Quente que é a futilidade da
figura masculina para o projeto. Explicando melhor: Os personagens de Jude Law
e Jason Statham (o melhor personagem de Statham desde Chev Chelios de
Adrenalina) são babacas, se acham os maiorais por suas posições porém sabem que
não podem fazer nada sem Susan ou no caso, uma figura feminina. A prova disso,
analisem toda a sequencia inicial e entenderão essa concepção.
Esse talvez seja um dos maiores
trunfos do filme: Transformar Melissa McCarthy em uma heroína de ação. Mas a
construção dela para ser uma heroína é pura genialidade. Por sempre estar por
trás da ação e nunca ter o protagonismo e talvez o respeito no seu trabalho, o
crescimento dela de uma moça que morre de medo de sair, menosprezada pelos
companheiros de trabalho e até mesmo (talvez quebrando a quarta parede) criando
no espectador que a ideia dela ser agente é pastiche para que no final ela se
transforme em uma action girl de verdade com direito a perseguição, tiroteios e
luta corpo a corpo já impressionam, mas de como ela encontra a si mesma
transforma o filme em algo motivacional, que demonstra que o movimento está
mais vivo que nunca.
Além disso, cenas de ação
incrivelmente bem executadas, dando destaque a perseguição de carro e moto em
Budapeste e o climax final. A proposta de Paul Feig aqui foi de aproveitar uma
historia de ação e mistério para transformar uma pessoa que sempre foi excluída
em uma pessoa que tem voz e vez em um mundo predominantemente machista. Além
claro de ter ótimas atuações de todos do elenco, principalmente Melissa
McCarthy, Miranda Hart e Jason Statham. Um trio imbatível de risos.
Spy desvirtua o gênero de uma maneira
ímpar. É incrivelmente bem atuado, bem dirigido e principalmente direto ao
ponto. Em um ano que o cinema hollywoodiano nos deu de presente grandes filmes
de ação, esse alem de dar incríveis cenas, deu também uma lição bem importante:
Qualquer uma pode ser uma action girl. É somente acreditar no seu potencial.
Após o filme, bem ... Go Ghostbusters!
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