Ratatouille

Sete bilhões de dólares... O que se pode gastar com todo esse dinheiro. Esse mesmo valor pode ser um PIB de um país pequeno, dá para construir milhões de casas populares, investir em áreas sociais como educação, alimentação, saneamento básico, porém esse valor é pequeno e insignificante para a Walt Disney que fez com esse mesmo e pomposo valor a compra da Pixar Animation Studio e Ratatouille é seu primeiro filme como departamento oficial de animação da Disney, porém o preço foi bem alto do que se imagina.

Remy é um ratinho especial, ignorado pela colônia onde quem comanda o seu pai, Django, tem um dom especial, um apurado olfato onde ele consegue distinguir o melhor cheiro de comida a distancia. Um dia enquanto roubava algo decente para comer ele vê na TV algo inspirador o chefe de cozinha Gusteau com o seu livro “Qualquer Um Pode Cozinhar” e nesse dia por uma infelicidade do destino ele se separa da colônia e vai parar em um lugar especial (...)

Quando a Pixar surgiu revolucionando o mundo da animação em 1995 com o clássico indiscutível Toy Story e a partir desse momento a criatividade espetacular da empresa começou a crescer tanto na qualidade quanto recordes de bilheteria, porém tinha um contrato dizendo que a empresa só poderia fazer no máximo sete filmes com a Disney e depois disso, poderia fazer o que quiser até ai tudo bem, porém com o avanço da tecnologia nos últimos anos somando com as bilheterias pomposas de seus filmes e principalmente os desenhos da Disney estavam decaindo de qualidade a única saída para eles é entrarem na moda dos conglomerados onde um engloba o outro (a Paramount comprou a Dreamworks, a Sony comprou a MGM e etc.) e compra com a exorbitante quantia citada acima porém com disso, se pode desleixar no padrão Pixar de qualidade ?

(...) E o herói vai parar na belíssima cidade de Paris, França e logo em um lugar especial, o restaurante do seu ídolo que infelizmente morreu após uma critica negativa do implacável Anton Ego, um especialista em culinária. E quando chegou lá criou uma estranha relação com Linguini, um desajustado rapaz que tem algo especial e juntos, um ratinho oprimido por ser especial e um rapaz sem talento nenhum irão provar a frase do grande chefe: Qualquer um pode cozinhar.

O roteiro do filme sofre com as conseqüentes e cansativas “lições de morais com selo Disney” que estava começando a assolar já no chatíssimo Procurando Nemo, no mais ou menos Carros (onde se sobressai com a canalhice de Lighting McQueen que é a copia escarrada e cuspida de Zoolander) onde vemos bordões onde tal fato é mais importante do que o que vives e blábláblá. Fora que nesse filme acontece umas reviravoltas (diga se passagem, forçadas) que beiram a questionar a lógica do espectador. Porém Ratatouille tem uma ligeira vantagem de roteiro diante dos anteriores no qual sempre tem as famosas mensagens implícitas, em Procurando Nemo foi sobre o vicio do alcoolismo, em Monstros SA foi o fim da inocência entre as crianças e em Carros que foi a apologia à maconha. Já em Ratatouille não teve esse tipo de linguagem pouco peculiar e que dependendo da película funciona ou não, sorte que esse filme não precisou desse recurso curioso.

Outro ponto que a Pixar sempre foi competente foi na criação de personagens em seus filmes, porém o que deveria ter sido o centro das atenções que é o ratinho Remy se tornou um dos personagens mais irritantes e chatos de toda galeria Pixar, e olha que já tiveram piores como Nemo, Flik, Dory e Mater. E curiosamente o melhor personagem da trama sem duvida nenhuma é o implacável critico Anton Ego, onde as referencias fúnebres são assustadores, porém sedutores e principalmente no ato final da trama onde a maquina moralista Disney começa a engrenar, ele consegue fazer um dos mais belos e sensíveis discursos que um filme pode produzir.

Outro ponto positivo e incrível da trama é a trilha sonora de Micheal Gianchinno que já tinha feito uma trilha espetacular para a Pixar para Os Incríveis, volta a trabalhar para o diretor Brad Bird e faz uma trilha que refinada dando ênfase as belezas de Paris e assim provando a versatilidade do compositor que cada dia está se firmando como um dos melhores compositores da atualidade por que ele consegue captar em suas trilhas as sensações que a trama pode passar, exemplo, ele cria uma trilha nervosa pra Lost e sutileza e lirismo para Ratatouille. Também a direção de Brad Bird é muito boa, assim firmando a linearidade de ótimas animações, porém Ratatouille foi um pouco abaixo da media que a Pixar fez.

Ratatouille não seja ser um péssimo filme quanto foi Procurando Nemo, porém há ressalvas por que ele não conseguiu alcançar a genialidade dos filmes anteriores, entretanto consegue atingir o seu propósito para quem é fã, um filme redondinho, com tudo bonitinho, mensagem bonitinha ou mais simples, é tudo inho... Poderia até dizer que é um filme que fica entre o bonzinho e o ruinzinho.

Assim termino essa resenha sobre esse desenho com o belíssimo discurso de Anton Ego

“Sob vários aspectos, o trabalho de um crítico é fácil. Arriscamos-nos muito pouco, e ainda gozamos de uma posição de superioridade sobre aqueles que nos oferecem seu trabalho para o nosso julgamento.
Vivemos das críticas negativas, que são divertidas de escrever e ler. Mas a dura realidade que nós, críticos devem encarar... É que, na maioria dos casos, a mais simples porcaria talvez seja... Mais significativa do que a nossa crítica aponta.
Mas há vezes em que um crítico arrisca, de fato, alguma coisa... E isso acontece quando se descobre e se defende uma novidade. O mundo costuma ser hostil aos novos talentos, às novas criações.
O novo precisa de amigos.”

Pena que não consegui sentir isso em Ratatouille...


Ratatouille
Diretor: Brad Bird
Com as Vozes Originais de :Peter O'Toole, Iam Holm, Jeneane Garlofalo, Brian Denneny, Brad Garrett, Patton Osvald, Lou Romano, Peter Sohn
Gênero: Animação/Romance/Comédia/Infantil


Comentários

  1. Ainda não vi Ratatouille nem mesmo tenho muita vontade....
    Mas deixando isso de lado!
    Acho que criticar a disney por suas lições de moral, repetição de opiniões e visões infantis e simplistas...é bobeira! Sempre vi a Disney como uma produtora que visa lucro na infantilidade! Ela faz filmes para criança, com morais que todos já conhecem até mesmo elas...mas diz ai, sempre funcionou! E sempre ajudou os pentelhos...
    Nós assistimos a esse cinema infantil crescidinho por vontade própria...a fórmula da Disney não vai mudar (apesar de algumas excessões mais adultas), nem mesmo precisa...já virou marca, rótulo!
    Procurando Nemo...um dos melhores da Disney em termos de moral e diversão! Não consigui entender sua antipátia com o filme, mas...
    Abraço!

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  2. Primeiramente, acho lições de moral inevitáveis em animações. Até hoje, a única animação que vi que abole completamente isso foram os dois primeiros filmes do Shrek, politicamente incorretos e com sua própria política shrekiana. Os filmes da Pixar me cativam por sua grandiosidade, seu charme e sua genialidade. Com Ratatouille, senti a mesma coisa que Anton Ego quando comeu o prato especial. Não é só a trilha que é maravilhosa e os personagens agradáveis e cativantes, mas a trama flui de forma perfeita e os momentos que seriam convencionais são tratados com um luxo inesperado. A mensagem enviado por Ratatouille também foge completamente do sentimental e do óbvio, se tornando algo essêncial e realmente importante, tão forte, ou mais, que muitos filmes pretensiosos lançados esse ano. É o sufficiente não só para cativar, entreter e tocar as crianças (essêncial meta para uma animação), mas é se torna uma digestão fácil para os mais adultos, que podem perceber a mágica e o brilhantismo do roteiro, como também a direção de Bird, que, mencionando algo que Otavio Almeida disse em sua crítica, é como um Orson Welles na animação, captando espaços em tomadas longas e grandes, capturando não só a beleza de Paris, mas a mágia e o sabor.

    Grande filme e maravilhosa animação.
    Não consigo entender sua revolta quando à ele e Procurando Nemo.

    Ciao!

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  3. "Ratatouille" é um dos melhores filmes do ano. Acho que, além de provar o potencial tremendo da Pixar como produtora de excelentes filmes, a animação possui uma história de apelo universal e que, com certeza, será atemporal e vista por cinéfilos anos a fio.

    Boa semana!

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  4. Concordo com a opinião do Willian sobre a forma de "ver" os estúdios Disney, acho que o lance da "moral" não tem nenhum tipo de problema, e percdebe que este tipo de produção vem sofrendo transformações, pois aos poucos considero que estes filmes estão perdendo seu caráter "infantil" e adquirindo um mais adulto, e por isso acredito que até a questão da "moral" já teve dias bem mais acentuados. No final das contas cada vez mais tenho a sensação da Disney estar sofrendo transformações à cerca de sue conteúdo, conseguindo fazer filmes interessantes em formato de desenho - o que por si só é um ponto positivo, é a possibilidade de encarar outro tipo de formato. Ainda existe muita resistência, mas são filmes como este que fazem essa "transformação" de formatos.

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  5. Ainda não vi, mas parece ser bem legalzão...

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