Quando pensamos em cinema, pensamos
em uma forma de arte pura, que com ao passar dos anos, se tornou a verdadeira
expressão do homem com seu lado subjetivo e artístico. Mas quando começa a
separação da mesma por países, começa um conflito falido em dizer que o cinema
de tal país é melhor que o americano e o brasileiro e assim vai. A questão ai
não está em tirar o mérito, mas da falta de perspectiva de não vivenciar o
cinema fora do seu lugar de conforto. Um exemplo interessante é quando comentam
sobre o cinema espanhol. A primeira palavra que vem na cabeça é Almodóvar junto
com suas cortes fortes e personagens a flor da pele. Outros pelo menos resgatam
outros diretores como Bigas Luna, Alejandro Amenabar e Álex de la Iglesia.
Porém quando se perguntam qual é a maior bilheteria de Espanha, está bem longe
desses cineastas citados.
Namoro à Espanhola (Ocho ApellidosVascos) atualmente carrega esse interessante título. Pelo titulo, a honestidade
não nega: É uma comédia romântica em sua totalidade. O filme relata o encontro
de Rafael e Amália. Dois jovens que tiveram uma noite "parcialmente"
romântica e por ela ter se esquecido de sua carteira, Rafael vai para a cidade
natal dela para entregar de volta. Sendo que existe um detalhe: Rafael é
andaluz e Amália é basca. E as duas regiões se odeiam. Se torna interessante a
justificativa de espanhóis em fóruns de cinema falando que esse filme tem mais
"conectividade" quando conhece a "rivalidade" e os tons de
piadas se tornam mais naturais. Entretanto, o filme consegue transmitir isso
pelo simples fato do patetismo passado pelo protagonista para que pode
convencer da situação que se compreende de uma maneira clara do que está
acontecendo. A produção espanhola é adequada e funciona de uma maneira bem
competente. Que funciona para quem é espanhol ou não.
Outro caso interessante comentar é
sobre Bollywood. É incrivelmente estranho que o estilo deles ainda não
conseguiu se popularizar em par de igualdade por essas bandas. Talvez um dos
mais acessíveis filmes de Bollywood tem uma relação interessante com Hollywood.
Bang Bang!, filme indiano que saiu no ano passado é uma das maiores produções
do cinema local. A surpresa foi quando começa o filme, diz que é um remake de
Encontro Explosivo, filme estrelado por Tom Cruise e Cameron Diaz. O remake
bollywoodiano inicialmente faz algo que o original deixou de fazer: Mais
background para a trama. Além disso, o filme carrega um casal principal que
carrega mais química em comparação ao filme original. Claro que existem cenas
chaves que estiveram no original e estão no remake. Mas o que faz o remake
ofuscar o original está em um principio básico que também o original falhou: Em
nenhum momento se leva a sério. As cenas de ação são estupidamente efetivas e
dando destaque a uma bizarra e imaginativa cena de tiroteio/perseguição na água
que o personagem utiliza um tipo de propulsor. Apesar das musicas e cenas de
baile que são comuns no universo cinematográfico local, o filme consegue
atingir um bom publico pelo fato de ser o combo de filme de ação/comedia/romance
que agrada o espectador mesmo com a larguíssima duração, as cenas de ação e a
interação do casal é bastante forte e clara.
Óbvio que nenhum dos dois filmes
vieram para mudar o panorama de cinema nos dias de hoje. Ao contrario, apenas
são produções populares que conseguiram atingir seus propósitos de
entretimento. Mas o que transforma eles em especiais é o fato de ajudar a
compreender que o cinema é uma linguagem fluída e que consegue atingir o seu
público. Ainda existe aquela mistificação de que outros países detém um cinema
melhor que o brasileiro e por ai vai. Em realidade, todos os países ou melhor,
o cinema em si não se preocupa se o filme é iraniano ou dinamarquês. O cinema
se preocupa em realidade que se existe a conexão entre a arte e o espectador. A
partir do momento que o espectador tenha isso em conta, talvez o cinema deixe
de ser uma guerra de egos.
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