Muitos dão o braço a torcer, porém
nenhum pode negar o quanto a ficção cientifica é um dos gêneros mais abertos do
cinema. Em pratos limpos, muitos sabem que a ficção cientifica é o gênero que
trabalha o fantástico e o desconhecido para que seja uma porta de entrada para
reflexões introspectivas sobre o homem e o seu próprio mundo. Colocando isso em
contraponto, se torna até admirável considerar The Age of Adeline um filme de
ficção cientifica bem interessante porém desanda para cair na pior das
obviedades, se prender ferozmente ao romance.
O filme conta a história de Adeline
(Blake Lively), uma jovem viúva que sofreu um acidente de carro. Porém por um
mistério da natureza, ela “ressuscita” com uma bizarra condição: não envelhece
e clinicamente é imortal. Claro que com essa condição vem os conflitos dela com
a sociedade ao fato de não saberem como lidar com seu caso extraordinário. Mas
após encontrar com o restaurador Ellis, ela começa a questionar sobre seus
valores adquiridos com o tempo para voltar a amar uma outra pessoa.
Um dos pontos mais curiosos de The
Age of Adeline, está nessa questão de conflitos. Esse tipo de artificio dentro
de um filme tem que ser algo natural, que fique longe daquele estigma ou
característica de ser algo cansativo. Nesse filme, se nota desde do começo do
filme até a metade, a problemática sentimental da personagem. Sempre vemos a
questão do envelhecimento em uma ótica masculina. Mas o filme tem como vantagem
demonstrar o lado feminino dessa dor ou desse efeito fantástico. Se torna para
ela, por muitas vezes ver sua filha bem mais velha do que ela.
Entretanto, por acreditar que a
personagem não tinha conflitos para continuar com o filme, o próprio projeto
meio que sabota a si mesmo criando um conflito quase desnecessário da metade
para o final somente beneficiando aqueles que amam o gênero romântico.
Entretanto, não se pode negar o trabalho mais do que elogiável de Blake Lively
e de Harrison Ford que mesmo sabendo que o personagem dele que gera esse
desconforto para alimentar o conflito, é uma das melhores atuações dele.
The Age of Adeline poderia ter sido
mais um filme sabotado pela linguagem romântica, mas não se nega que foi
prejudicado para atrair esse público que ama esse tipo de filme. Por outro
lado, é um filme bem interessante e até mesmo intimista sobre as tristezas da
imortalidade aos olhos de uma jovem de como a mesma personagem cria
autoconsciência que a sociedade não saberia lidar com o desconhecido como ela
carrega em si. Ao fim de tudo, é um
filme solido, atrativo e se não tivesse traído os fundamentos da ficção
cientifica, teríamos uma das obras mais solidas de 2015, porém ficou somente em
um filme de sábado a tarde.
***
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