Uma obra de ficção muitas vezes
consegue nos trazer surpresas. Desde uma reflexão de uma sociedade, de uma
época e principalmente do próprio autor. Quantas vezes vemos livros ou filmes
que foram baseados nas vidas dos seus criadores. Quantos contos de Stephen King
já tocaram nos temas pessoais do autor. Ou também Phillip K. Dick falando de thrillers
de ficção cientifica para contar a paranoia que foram os anos 70 para o mesmo. Edward
Sheffield, um professor universitário, manda um esboço de um livro chamado
Animais Noturnos para sua ex-mulher Susan Morrow, uma prestigiada artística plástica,
para ver a possiblidade da publicação do mesmo. Entretanto Susan percebe no
conto de vingança a flor da pele, uma reflexão da mesma sobre a relação dela
com Edward e suas consequências.
Animais Noturnos do diretor Tom Ford
chega aos cinemas após uma ausência de 7 anos do diretor do seu filme anterior,
Direito de Amar. No novo filme que é baseado no livro Tony e Susan de Austin
Wright, conta com um elenco grande e por um lado estelar: Amy Adams, Jake
Gyllenhaal, Micheal Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Armie Hammer,
Micheal Sheen, Andrea Riseborough e Laura Linney. O projeto ganhou força nas últimas
semanas com a surpreendente vitória de Aaron Taylor-Johnson no Globo de Ouro como
Melhor Ator Coadjuvante e as várias indicações ao BAFTA que surpreenderam até
mesmo aqueles que somente acreditariam que iria aparecer apenas em alguma
indicação técnica.
Ford durante o filme cria takes belíssimos
de paisagens, de alguns personagens em ângulos interessantes como por exemplo:
existe uma conversa entre os personagens de Jake e Shannon que os olhares se
cruzam o tempo inteiro no carro, mas claro usando brilhantemente a questão do
retrovisor. Além disso, Jake Gyllenhaal e Micheal Shannon atuam muito bem nesse
filme, mesmo para um texto que está longe de exigir algo de maravilhoso nele. E
esse foi o elogio total do filme.
Uma coisa é você criar takes belíssimos,
outra, é ter sentido a trama, e infelizmente isso não acontece aqui. Ford
transforma um conto de vingança em um conto barato de supercine cheio de
simbologias que além de serem nada sutis, passam longe de agradar o espectador.
Fora isso, que nesse filme, Ford demonstra claramente que não é um bom diretor
de atores e que muitos ficaram beirando ao overacting como por exemplo, a própria
Amy Adams e o Aaron Johnson. Além de ter um dos maiores desperdícios de atores
do ano. Se pegar o elenco suporte do filme, mal dura 5 minutos e pior, o que
Ford faz com Jena Malone e Laura Linney é literalmente um crime.
Outro ponto triste de comentar e de
uma maneira mais aberta é a questão das simbologias. Durante toda a trama se
nota que o diretor quer colocar uma cena com uma carga chocante para forçar ao
espectador a ter a concepção de: “olha isso aqui é simbólico” “esse take é
assim”. E isso não ajuda a desfrutar do projeto como deve ser. Até filmes mais “simples”
como por exemplo, A Chegada com a mesma Amy Adams, trata de um tema simbólico sobre
o debate entre o senso comum e o cientifico, mas ele não fica a todo o tempo no
espectador sobre isso.
Animais Noturnos é um tipo de filme
que para aqueles que esperavam algo dele, desde saber quem é o diretor ou o
elenco ou ao menos ter visto o trailer, pode esperar algo interessante. Mas
aqueles que vão a cegas, se depara com um filme que muitas vezes afronta o
espectador tentando ser inteligente, mas no final é tão bobo e banal que dá
pena. Mesmo com uma belíssima sequência final com Amy Adams, fica difícil ter
algo tipo de apego ao projeto como deveria ser. O pior filme de 2016.
O pior filme de 2016 eu não diria, mas entendo sua chateação. O filme tenta se vestir de algo intelectual e genial, mas, na verdade, é extremamente tolo. Uma pena.
ResponderExcluirAbraços
E o pior é que muitas vezes falo sobre o tema, me taxam de cara que só vê filme pipoca ... É durissimo Manda ...
ExcluirAbraços :)