Cem Anos de Perdão (Cien Años de Perdón)

Manha chuvosa. Transito parado pela tormenta. Clientes reclamando sobre o abuso e as consequências de transações bancárias. E de golpe, um grupo de assaltantes mascarados colocam voz de assalto. E a partir daí começa aquele jogo que já conhecemos de que nada é o que parece e a cada momento é uma reviravolta aparece. O cinema de roubo é assim, e mesmo assim é sedutor por si só. É uma classe pratica de que o mais importante não é a reviravolta em questão mas de como o mesmo é armado. Com isso em conta, se agradece para Cem Anos de Perdão para dar um passo e uma lição para o cinema brasileiro.


O filme é uma co-produção Espanha-Argentina e protagonizada por atores de ambos países. No lado argentino se encontra Rodrigo de La Serna, Luciano Castro e Joaquin Furriel. No lado "gallego" estão Luis Tosar, Raul Arévalo e José Coronado. Além disso, mesmo se passando na cidade espanhola de Valencia, muitas das cenas externas foram filmadas na capital portenha. E isso não é uma pratica fora do comum não, para muitos filmes espanhóis, filmar na Argentina é um bom retorno, principalmente economicamente. Se torna até engraçado por um ponto por que um cidadão de cada país pode identificar bem quando é uma cidade e quando é outra, mas claro, sem estragar a experiencia. 

A historia do filme passa longe de ser original e o mesmo filme é consciente disso. A trama tenta mais abraçar os personagens diante dos atos que chocar o espectador com uma falsa reviravolta. Além disso, um elenco tremendamente afiado. Outro ponto do elenco é que por ter personagens que falam espanhol mas de outros países, se torna uma pequena classe de como se porta a língua mãe com suas descendências. Também ganham destaque uma direção solida e uma fotografia espetacular que preza muito o tom cinzento para dar uma sensação de sufoco por sua trama. 

E mesmo quando termina de uma maneira bem simplista e eficaz, Cem Anos de Perdão é uma ótima oportunidade para os amantes do gênero de roubo estar diante de um exemplar mais do que elogiável para o que ele se propõe. Além disso, se pode transformar em mais um exemplar para ensinar ao cinema brasileiro a fazer cinema de gênero. Mesmo sabendo que o cinema brasileiro anda a passos largos  e evoluídos nos últimos anos, ainda é penoso ver o circulo vicioso que entrou onde só existe dois tipos de gêneros: a comédia e o drama. O mais importante em Cem Anos de Perdão não é ser o filme revolucionário para o gênero, mas de abrir as portas da possibilidade de fazer um ótimo filme do gênero: é ser bem autoconsciente de suas limitações e fazer diferença a partir dai.



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