Uma
ramificação de críticos levantaram uma proposta bem interessante que é a
necessidade de ver filmes ruins ou que foram fracassos/decepções. Além de ser
uma experiência bem barata em relação custo-benefício, essa corrente de pensamento deixa
bem claro que um fracasso ajuda a compreender pontos falhos de um filme nos
níveis desde execução até o mal entendimento da mensagem.
Com
isso em conta, um dos exemplos mais interessantes para ser trabalhado é Aloha
de Cameron Crowe. O filme é literalmente um caos. Entretanto, até mesmo dentro
desse caos, se pode ver um céu. Mesmo que seja um céu estranho. O trailer
vendeu o filme como uma jornada de redenção e passeios de sentimentos de todos
os personagens, principalmente na trinca Emma Stone-Bradley Cooper-Rachel McAdams.
E ter ainda como brinde "palavras de sabedoria" de Bill Murray para
se transformar no blockbuster feel good. E daí, veio a realidade.
O
filme tem ponto de partida de um ex-militar (Cooper), que se transformou em uma
espécie de consultor para um multimilionário (Murray) que volta para Hawaii
para uma construção de aeroporto. Porém o militar começa entrar em conflito
quando começa a sair com uma jovem piloto (Stone) e enfrenta alguns dilemas com
sua ex-namorada (McAdams) que lhe esconde um segredo.
O
filme é tão desinteressante que não consegue gerar uma empatia com os nomes dos
personagens.
Por 80% do filme, o espectador é testemunha de falta de química
entre personagens. Diálogos constrangedores e desinteressantes. Uma luta quase
incessante de acreditar que poderá sair algo de qualidade, ou pelo menos algo
concreto de tudo aquilo, porém ao avanço do filme, esperanças desaparecem. Além
disso, o filme também tenta criar uma trama de conspiração militar que é tão
vergonhoso que custa acreditar que o tema é tratado no filme.
Baseado
em algumas concepções desses críticos referenciado no começo do texto, os
pontos negativos que o filme tem ajudam a que qualquer cineasta cometa erros
tão crassos quanto foi cometido por Crowe. O ponto é mais notório que elenco
espetacular não sustenta filme. Se não existe uma harmonia entre o cast e a
trama, o que se vê é derrame de potencial para uma trama vazia.
E por
consequência por essa falta de harmonia, vem a falta de química entre os
protagonistas. É assustador ver em um mesmo ator em dois filmes seguidos ter
uma química catastrófica com sua parceira em cena. Cooper e Stone não conseguem
acertar o passo e o resto é ladeira abaixo. Além disso, a própria personagem de
Emma foi tremendamente mal construída que gera uma vergonha alheia. Quase todo
o filme, a única coisa que espectador vibra é a sensação de conclusão. Ao mesmo
tempo, vem o alívio que o desastre está chegando ao fim. Porém quando toda a
trama principal termina e começa o que poderíamos chamar de epílogo, o filme
ganha um tom tão maravilhoso que custa acreditar que belíssimas cenas e algumas
atuações são brilhantes, para 10 minutos.
Aloha
é um filme bem discutível no que se corresponde a execução desastrosa, ausência
de química entre os personagens principais e uma trama tão esquecível que não
se dá a mínima durante o filme inteiro. Mas ao mesmo tempo, o desfecho (se
poderia até dizer cenas isoladas) detém as cenas mais emocionantes desse ano.
Talvez no fim, ter a ruindade diante dos olhos só serve para transformar o
espectador não somente em uma pessoa em um espectador melhor, mas também em um crítico
ao ponto de saber separar realmente uma obra catastrófica de uma obra que erra
o seu alvo.
*¹/²
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