Após um longo tempo, a volta sempre traz uma surpresa. Sei que faz
muito tempo que não escrevo nada para meu querido blog. Peço perdão aos
leitores e amigos por essa demora. Assim como The Fall, que gerou novamente o
amor a escrever sobre cinema, mais um filme chega a ter esse maravilhoso de
regaste a escrita, mas de uma maneira mais clara e precisa. Amigos, bem vindos
de volta ao blog para um texto exclusivo de um dos melhores filmes do ano e um
dos projetos mais interessantes que aconteceu esse ano que é Relatos Selvagens
de Damián Szifrón.
Antes de tudo, o que é Relatos Selvagens? Em realidade o filme tem
como ponto principal 6 contos que não tem relações imediatas umas com as
outras, porém todas elas têm um ponto em comum que é o relato selvagem dos seus
instintos. O filme estreou em Cannes esse ano e fui sucesso por lá. Da mesma maneira,
o filme na Argentina é literalmente o líder de bilheteria nacional do ano e
parece que essa meta ainda está longe de terminar. Outro ponto de sucesso é que
o filme foi produzido pela produtora El Deseo, no qual o dono é Pedro
Almodóvar.
O filme é espetacular. Literalmente. Ele é daqueles projetos que à
primeira vista consegue agradar sem nenhum problema, mas na
segunda consegue ter uma riqueza de detalhes que deixamos de perceber
inicialmente. O interessante desse filme é que ele consegue revitalizar a ideia
de como se faz verdadeiramente um blockbuster latino-americano (sim, isso serve
bem para você Brasil) e ter respaldo por sua qualidade.
Inicialmente, o mais óbvio de tudo, produção. Não somente pela
questão de ser uma produção de Almodóvar, mas também de profissionais que sabem
do mais importante, que o espectador não quer saber de um produto pequeno, mas
de qualidade e que chame a atenção. O elenco mais do que espetacular. Imagine
juntar os melhores atores do país para um projeto? Esse filme conseguiu. Erica
Rivas, Leonardo Sbaraglia, Oscar Martinez, Rita Cortese e Ricardo Darin. Atores
de nome e talentos que o tempo já provaram faz tempo. E no filme cada um brilha
a sua maneira e dando destaque a monstruosidade que toma em Rivas fazendo uma
das principais atuações femininas do ano. E acima de tudo, uma história de
verdade. Ou no caso desse filme, histórias de verdade.
Uma das maiores qualidades de Damián Szifrón está diretamente ligado
de como ele conta suas histórias. A grande questão nem é dele ser original, mas
sim de ser bem contado. Isso já se viu diretamente em projetos como Los
Simuladores que mesmo com uma ideia que podes dizer, já viu isso antes, mas a
execução do projeto é brilhantemente notável e mais ainda com o filme Tempo de Valentes
que por um lado desvirtua o buddy cop movie trazendo uma identificação local. Com
essa questão de que essa história tenha uma identificação local (ou até mesmo
mundial) e humana faz toda a diferença. Chega ao ponto do espectador refletir
sobre o seu conto favorito ou daquele conto que lhe gerou uma sensação de mal
estar por saber que é/foi/será próximo da sua realidade.
Fechando com a trilha sonora mais do que espetacular de Gustavo
Santaolalla, Relatos Selvagens é um projeto tão incrível e mais bem executado
sobre minicontos desde Three Extremes, e melhor ainda, aproveita o mais mágico
desse projeto para si, que é questionar sobre o que é selvagem? O que faz o
homem perder sua linha comum e nem saber mais a diferença entre ele e um animal
instintivo. Reflexivo, subversivo e brilhante, uma joia do cinema argentino que
gera para mim, brasileiro, a ideia de que eles reinventaram o blockbuster local
e estamos estagnados a ver comédias de tv no cinema que não se sabe por que
está ganhando tanto dinheiro ... Gera uma violência ... Aliás, que violência?
Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
Diretor: Damián Szifrón
Elenco: Ricardo Darin, Oscar Martinez, Leonardo Sbaraglia, Erica Rivas, Rita Cortese, Julieta Zyllberberg e Dario Grandinetti
Gênero: Drama/Comédia/Suspense
Cotação: **** ¹/²
Classificado como um dos melhores filmes de 2014, quando eu vi o personagem que eu gostei foi o único a fazer o ator Leonardo Sbaraglia, que a partir desse momento tornou-se um dos meus favoritos no mundo do cinema.
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