Semana do Terror - Contágio



A realidade que se tem que se falar de Contágio. O novo filme de Steven Soderberg conta com um dos melhores e mais talentosos elencos do ano. Talvez o maior. O filme também é um dos projetos finais do diretor no cinema fazendo assim que cada filme que saia antes da sua aposentadoria definitiva, é esperada com uma ansiedade extraordinária. Mas esqueçam esse detalhe: o principal foco é realmente o que o filme prometeu, ou o que poderia prometer: uma jornada ao brote de uma doença.

O filme recria de uma maneira mais trágica, mas sem fugir da realidade de fatos que passamos recentes como o brote de uma pandemia que foi a Gripe A. Em 2009 com a gripe H1N1, muitos se lembram da paranóia incrível que foi essa doença em inúmeros países como Argentina, México e outros. Nessa época, a paranóia chegou ao ponto de desencontros de números oficiais de doentes e pessoas nas ruas evitarem o contato um com os outros.

O filme consegue ter isso em mente, transformar a doença em um ator principal. O modo assustador como ele se alastra nos personagens no filme criando medo e desespero por onde passa. Talvez para muitos, pode ser tratado como um fantasma de um passado recente que, todavia consegue criar lembranças tristes a aqueles que ficaram doentes ou de alguém próximo que perdeu sua vida diante a doença.

Se olhar por esse ângulo farmacológico, o filme ganha olhares espetaculares. Principalmente por que tem um conteúdo inegável para se debater como as visões das autoridades sobre a doença, sobre as pessoas comuns que sofrem no isolamento e principalmente o cruzamento de noticias e a tentativa de controlar o medo. Agora se analisar como cinema... Bem, é ai que começa os pontos negativos do filme.

A começar com o óbvio: o cinema de Steven Soderberg. Mais uma vez é aquele tipo de cinema que não detêm uma personalidade. Ele consegue mesmo com uma história que é atraente por si só, uma frieza mecânica que só ele consegue criar. Outro fato incrível é de como o mesmo consegue desperdiçar um grande elenco que pelos nomes que tinha, só desenvolveu bem (ou pelo menos de uma maneira tolerável) 4 personagens e só. Destaque negativo a atuação apagada ao extremo de Marion Cotillard.

Contágio sem duvida se torna um filme atraente para criar debates sobre de como a humanidade lida com epidemias e com ela mesma. Mas olho, já que cinematograficamente, é mais um filme redundante de Soderberg, no qual detêm um grande elenco, porém poucas peças funcionam isoladamente diante a uma fita fria por parte do seu criador. Farmacologicamente brilhante, mas cinematograficamente doente.



Ficha Técnica
Contágio (Contagion)
Diretor: Steven Soderberg
Elenco: Matt Damon, Laurence Fishburne, Jude Law, Marion Cotillard, Anne Jacoby-Heron, Kate Winslet, Jennifer Ehle, Demetri Martin, Bryan Cranston, Chin Han, Sanaa Lathan, Elliot Gould, John Hawkes, Monique Gabriela Curnen e Gwyneth Paltrow.
Gênero: Suspense/Terror
Cotação: 75% ***

Comentários

  1. "Destaque negativo a atuação apagada ao extremo de Marion Cotillard."

    Depois de ler isso, fiquei com medo. rsrsrs. Uma pena, Marion não merecia isso...

    Beijos! ;)

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  2. Gostei da temática, preciso conferir.

    Até mais

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  3. Hehehe, gostei das impressões e concordo. A frase final arremata perfeitamente o meu pensamento também.

    Acho que "Contágio" empolga em sua primeira metade, pra mim, é um filme de terror aquilo. A apresentação dos personagens é bem estruturada e a introdução do vírus no roteiro achei bem eficiente. Mas acho que o filme infelizmente descarta um material que poderia realmente deixar-nos de cabelo em pé por ter um roteiro tão raso e que não soube costurar em seu ato final todas as subtramas que criou. Além do mais, achei que houve muitos personagens a toa e outros um tanto desperdiçados, e a crítica do filme soa um pouco superficial como as questões governamentais etc. Pegando um caso recente, acho que "Ensaio sobre a Cegueira" foi muito mais eficiente.

    Com um script limitado, até acho que Soderbergh mandou bem na condução e aprovei o arrojo dos cenários, bem como os trabalhos de edição e da trilha sonora.

    abs!

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  4. É isso, o filme é esquemático, frio, quer dar essa noção de real e consegue. Por isso, não acho que Soderbergh seja mal sucedido. Faltou emoção, faltou aprofundamento dos personagens, faltou envolvimento com a história. Mas, a gente sai um pouco paranóico, não? kk, mesmo que seja de brincadeira.

    Quanto a Marion Cotillard, não consigo concordar, hehe. A coitada não teve chance de trabalhar a personagem, mas sua presença em tela por si só já traz uma elegância e charme que não a tornam apagada, fora aquela close final.

    bjs

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  5. Eu gostei muito de "Contágio". O que mais me chamou atenção no filme foi o roteiro, que cumpre bem o retrato do ciclo de vida de uma pandemia como a que aflige os personagens deste filme. Adorei a direção documental do Soderbergh. Só acho uma pena que ele tenha reunido um elenco estelar como esse e desperdiçado por completo algumas peças, mas acho que esse é o ônus que se paga por isso... Beijos!

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