Analisando Franquias e Trilogias - O Planeta dos Macacos

Após a estreia de Planeta dos Macacos (R)Evolução, existe a necessidade de cada cinéfilo, ou daqueles que gostaram do novo filme da franquia fazer o que podemos dizer, fundamental ou óbvio: Conferir a franquia original ou rever com um olhar muito além da maquiagem espetacular dos macacos. Após vários anos, votamos com o quadro analisando franquias, sendo que desta vez, com a saga clássica do Planeta dos Macacos.

Para evitar textos demasiadamente longos e cansativos, colocaremos em forma de parágrafos pequenos, porém diretos e sucintos sobre cada filme da franquia original que culminou no final da década de 60 com Chalton Heston sendo surpreendido com um final inusitado até o desfecho interessante com uma cena simbólica em A Batalha do Planeta dos Macacos de 1973.

De Volta ao Planeta dos Macacos de 1970 volta ao ponto onde o filme original terminou, com a revelação de Taylor sobre o planeta em que está. O ponto de partida está em outro piloto que está no planeta dos macacos a procura do astronauta perdido sendo que ele não só além descobre que está no planeta, também descobre a cidade proibida no qual vivem humanos e eles conseguem ter uma revelação mais cruel do que o planeta dos símios.

Apesar do debate interessante sobre o medo sobre o desconhecido, os protestos que remetem uma sociedade refém de guerras recentes (no caso, a Guerra do Vietnã) e uma critica ferrenha e pesada a idolatria de determinadas religiões, o filme não consegue se segurar sem a figura de Heston presente e um protagonista extremamente fraco e sem carisma quanto do filme anterior. Mesmo assim, se torna um filme importante para assistir já que a construção filosófica do seu final consegue ser mais impactante no aspecto filosófico quanto de qualidade cinematografia.

Frase marcante do filme: Entre os incontáveis bilhões de galáxias que existem no universo, existe uma estrela de tamanho médio. E um dos seus satélites, um planeta insignificante, agora... Está morto. 
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A Fuga do Planeta dos Macacos de todos os filmes é um dos mais curiosos dentro da franquia. A premissa dá destaque a Cornelius e Zira, o casal de macacos interpretados com maestria por Roddy McDowall e Kim Hunter, que conseguiram escapar do inevitável fim do segundo filme e foram parar no tempo presente (diga-se passagem, 1973, ano depois da perdida do Ícaro) e por serem do futuro se tornaram a sensação da sociedade.

Essa mesma sociedade que aceitou, também tinha duvidas, principalmente Dr, Otto Hasslein que consegue extrair do casal informações valiosas de um possível futuro e ainda mais real quando se descobre que Zira está grávida e assim uma parte da raça humana começa a temer o nascimento do bebê. Sem com quem contar, Cornelius e Zira contam com os veterinários Lewis Dixton, Stephanie Branton e o dono de circo Armando.

O que torna esse capítulo especial é o balanceamento de um bom humor no começo do filme sobre o deslumbre do casal e gradualmente se torna um filme de duvidas, no quais, questionamentos pesados sobre se realmente a questão de matar um inocente se torna algo benéfico ao futuro. Aqui também se encontra frases de reflexão de Cornelius que tocam de uma maneira cruel que é impossível ficar indiferente com o que vem. Além do mais, a densidade do filme não é abrupta como acontece em determinados filmes, é dosada e muito bem arquitetada a um final sufocante e curiosamente, o único final feliz de toda a franquia.

Uma curiosidade interessante. O personagem Armando entrega para Zira e Cornelius uma medalha de São Francisco de Assis, o santo dos animais, no qual Armando é devoto. O ator que faz o veterinário Lewis, Bradford Dillman interpretou São Francisco de Assis na adaptação hollywoodiana de 1962 dirigida por Micheal Curtiz de Casablanca.

Frases Marcantes do filme: “Eu suspeito que a arma que destruiu a terra é invenção do próprio homem. Eu sei disso. Um dos motivos da queda original do homem foi o seu habito peculiar de matar um ao outro. O HOMEM DESTROI O HOMEM, macaco não destrói macaco”. - Cornelius 


“Eu odeio aqueles que tentam alterar o destino, que é a vontade imutável de Deus. E se é o destino do homem ser dominado, então, por favor Deus que seja dominado por criaturas como vocês (em referencia aos chimpanzés.) – Armando. 

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A Conquista do Planeta dos Macacos é um dos filmes mais sombrios da franquia só perdendo para o primeiro. 18 anos se passaram desde a vinda de Cornelius e Zira ao planeta terra e uma parte do futuro dito por ele se tornou verdade: no futuro não existirá animais de estimação. Mas começou algo pior e fundamental para o que estar por vir. Os humanos começaram a usar macacos como animais de estimação mas ao poucos se tornaram relativamente escravos e a sociedade que antes era democrática, se tornou ditatorial. Nesse futuro está César (Roddy McDowall), filho de Cornelius que agora está na tutela de Armando (Ricardo Montalban).

Após uma reclamação do uso da força da sociedade, César se revolta e infelizmente Armando para proteger o símio, se entrega. Com isso, Cesar se torna escravo e diante a crueldade humana, ele de pouco a pouco planeja entre os macacos uma insurreição definitiva. O roteiro de A Conquista foi parcialmente usado como base para o novo filme, mas ao mesmo tempo é um dos filmes mais cruéis da saga no qual mostra o ser humano a esmo.

Em uma das seqüências mais violentas de toda a saga, é mostrado sem dó e nem piedade, a mediocridade humana é demonstrada com violência desmedida e maus tratos dignos de revolta e ainda mais, faz aumentar o ódio próprio da humanidade. Também nesse filme acontece uma das cenas mais emotivas da saga, que é o choro de César sobre a morte do dono.

De todos foi o que teve o orçamento mais baixo, mas que foi revertido com uma qualidade impar sobre suas temáticas, uma direção espetacular de J. Lee Thompson, uma atuação soberba de Roddy McDowall no qual sua estrela brilha de uma maneira sublime no seu discurso final e acima de tudo, a fita impar da franquia, fechando o arco mais sombrio da linha tênue entre o homem e os símios.

Frases Marcantes: “Onde há fumaça, há fogo. E é nesta fumaça e desse dia em diante que o meu povo irá se reunir, conspirar e planejar até chegar o dia inevitável da derrota do homem. O dia em que ele finalmente irá se autodestruirá virando as suas armas contra as de sua espécie. O dia em que haverá a fumaça no céu e suas cidades estiverem enterradas sobre a poeira radioativa. Quando os mares estiverem mortos e a terra despedaçada e então EU estarei aqui para liderar o meu povo a vitória total. Construiremos nossas próprias cidades que não haverá lugar para humanos, a não ser como escravos para nos servir. E teremos nossos próprios exércitos, nossa própria religião, nossa própria dinastia e esse dia está chegando para você ... AGORA! – César 


“Esta noite, presenciamos o nascimento do planeta dos macacos” – César. 

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A Batalha do Planeta dos Macacos de toda a saga seja um dos mais insossos, porém fundamental para a franquia. Passaram alguns anos da conquista e César conseguiu ter uma paz relativa entre os humanos e os símios. Sendo que a busca do passado dos seus pais o faz visitar a cidade devastada no qual existem poucos humanos afetados com a radiação que torcem para que o equilíbrio entre em ruínas.

Talvez ao final de tudo transformou-se em um filme que tinha que ter um ponto final de toda a franquia. Por que, após um quarto capitulo espetacular, se tornava mais viável um final. Porém as cenas de ação desse filme de toda a franquia são sem graças e dotados de falta de emoção. O que talvez salva disso tudo é novamente o fundamental de toda a franquia: o debate sobre humanidade. E nesse ultimo questiona o pensamento sobre a sociedade “utópica” de Cesar. Não é um filme desastre, mas isso não quer dizer que consiga ser tão decepcionante quanto foi o segundo capitulo.

Tornou-se aquele tipo de filme que foram feitos para terminar logo. Por sorte termina com uma das cenas mais simbólicas de toda a saga, com a conciliação definitiva e ao mesmo tempo emocionante: o choro de Cesar com a possibilidade da coexistência. 

Frases Marcantes: “Símio mata símio!” – Todos os símios. 
 “Acho que se pode dizer que se juntaram a raça humana.” – McDonald 

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E ao final de tudo, a grande pergunta... E o filme original? Continua sendo uma das melhores coisas que o cinema mundial e principalmente do gênero criou. Mas sem duvida, quando se assiste aos filmes seguintes (inclusive o novo) é possível sentir mais admiração de como a franquia se transformou: um estudo impar da humanidade. Uma humanidade que erra... Que não consegue respeitar o diferente... Que tem medo de saber que é inferior ao que desconhece. E agora com o novo capitulo... Fica na cabeça aquele ajoelhar de Heston admirando aos prantos a Estatua da Liberdade caída... Essa cena é o preço do homem por tudo que fez e o que fará.


Comentários

  1. Pois é, João, boa revisitada também à Saga. Ao contrário de você, não acho o último filme tão apressado assim, a parte final em que Aldo é denunciado é forte, e o jogo entre macacos vs humanos / gorilas vs chimpanzés é necessária para o entendimento completo. Mas, concordo que as cenas de batalha são muito fracas e mal desenvolvidas. Já o terceiro, é interessante, mas se perde em alguns momentos no humor desmedido. Por isso prefiro o terceiro após o primeiro claro, que é o clássico. O segundo, prefiro não comentar, hehe.

    bjs

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