O Besouro Verde (The Green Hornet)

Michel Gondry se vendeu! Essa frase passará por muitos ao ver o mais novo filme do diretor nos cinemas brasileiros nesse fim de semana, a adaptação ao cinema de O Besouro Verde (The Green Hornet). Dono de estilo peculiar e ao mesmo tempo inovador, Gondry dá vida aos personagens criados na década de 40 por George W. Trendle e que foram eternizados na década de 60 com todo o brilho de Bruce Lee em cena. A adaptação ao cinema conseguirá ter o mesmo brilho do que o seriado?

Seth Rogen e Evan Goldberg, dupla conhecida em alguns filmes de comédia como Segurando as Pontas e Superbad, fazem o roteiro do filme que conta a história de Britt Reid, um playboy extremamente mimado que de uma hora para outra comanda o império do pai. Britt e Kato, o mordomo e experto em artes marciais, se tornam vigilantes noturnos para salvar a cidade do crime. Mas os problemas começam a complicar quando Chudnofsky, o chefão do crime organizado, sente que o seu reino está sendo ameaçado.

A história do filme prima muito pela linearidade, ou seja, tudo que já foi visto nos últimos filmes de heróis estão nesse filme. Também é ai que está o seu maior pecado. Talvez o que torna diferente é a abordagem bem humorada baseado em gags e referencias cinematográficas. Seth Rogen perdeu 30 kilos para fazer o personagem e mesmo magro consegue ser divertido e até comum em comparação aos outros personagens que ele já vez, porém é facilmente ofuscado pelo brilho natural de Jay Chou que faz Kato. Chou consegue ser extremamente carismático em cena com um humor suave e uma ótima presença em cena.

Christoph Waltz faz o vilão bizarro Chudnofsky, e o que soa mais engraçado é que o ator está completamente automático em cena e mesmo assim, consegue fazer uma atuação interessante e ainda sendo muito engraçados em suas tiras, mesmo parecendo para o grande publico, estranho demais. Cameron Diaz faz Leonore Case e para a surpresa de muitos, não compromete a fita em nenhum momento e fazendo assim uma atuação tranqüila e talvez uma das mais quietas de sua carreira.

Gondry mais uma vez consegue trazer em tela sentimentos interessantes que faltava no cinema. Mas não em questão de inovação mas sim em desdobrar maneiras de fazer cenas de ação. Um exemplo disso, nas cenas em que Kato luta, Gondry usa e abusa de técnicas batidas de luta como o slow motion, mas ao mesmo tempo de como é editado as seqüências é o diferencial. Talvez o filme tenha o 3D mais bem utilizado até agora, já que é daquele que dá ênfase as cenas que envolvam algumas linguagens videoclipticas já conferidas nos trabalhos antigos do diretor.

A grande questão de ele fazer esse filme e se tornar um vendido ou não por um lado demonstra o medo dos cinéfilos verem um cineasta de talento sem igual se perder dentro de um ninho de cobras que é Hollywood atualmente. Mas não se pode esquecer que quando estamos diante de um cineasta autoral, que consegue imprimir em cada projeto, não devemos reclamar e sim prestigiar grandes profissionais por nos seduzirem pela sua mágica.

O Besouro Verde sem duvida se torna um bom passatempo. Ágil em sua narrativa, espetacular em suas cenas de ação, divertido em doses certas porém seu único pecado soa por ser linear demais. Para os fãs do ator, o filme é um prato cheio. Para os fãs do diretor é uma boa pedida em ver como um filme 3D funciona para quem realmente sabe fazer a diferença. Mas se não gostam nem de um ou do outro, sem duvida o filme será um bom passatempo, seja nas cenas de ação que são eficientes ou no humor leve e sem compromisso.

Ficha Técnica
O Besouro Verde (The Green Hornet)
Diretor: Michel Gondry
Elenco: Seth Rogen, Jay Chou, Cameron Diaz, Tom Wilkinson, Edward James Olmos, David Harbour e Christoph Waltz
Gênero: Ação/Comédia/Aventura
Cotação: 80% - ****

Comentários

  1. vou ver semana que vem!

    http://filme-do-dia.blogspot.com/

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  2. É, a gente fica se perguntando porque um cara que fez Brilho Eterno se deixa levar pelo entretenimento fácil, mas Besouro Verde até que me surpreendeu. Não gostava do seriado, apesar de Bruce Lee, acho o formato chato e sem sentido. Mas, o filme não se levou a sério e acabou sendo um bom entretenimento como você falou. Agora o fato de Kato roubar a cena, convenhamos, é muito fácil, hehe, Besouro Verde é um bocó.

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  3. O seriado era legazinho e o trailer desse filme é divertido, nem parecia ser um filme do Gondry. ;)

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  4. Se vender é uma palavra forte. Ele fez concessões. Afinal, é um filme hollywoodiano, um grande filme, um blockbuster. O problema de "Besouro Verde" é o Seth Rogen. Ele é péssimo ator e as constantes piadas sarcásticas e engraçadinhas enchem o saco! O filme começa bem, mas se torna cansativo.

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  5. Ao contrário do que colocou a Amanda aí acima, acho que um dos graves problemas de O BESOURO VERDE é justamente se levar a sério. Seth Rogen vem ganhando muita autoridade ultimamente (é, inclusive, produtor do filme), o que parece lhe dar motivo para buscar toda a atenção possível nos filmes de que participa. Aqui ele não só estraga o roteiro fraquíssimo, como se expande pelos cenários e sobre os outros atores. O diretor não mostra nada de originalidade; aliás, sequer parece que há um diretor por trás desse filme. Dou 2/10

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