Amor, Dor e Vice-Versa

Um filme romântico para agradar uma pessoa que não goste de filmes românticos tem que fazer o primordial: quebrar a estrutura do seu romance. Alguns podem até dizer que é só trazer para a realidade concreta que já começa o primeiro passo de um atrativo a mais para o projeto. E o segundo é a destruição moral de seus personagens. Sem duvida esse segundo ponto no qual vemos as oscilações comportamentais de seus protagonistas demonstra uma riqueza que o autor ou o projeto tem para seu espectador. Vendo esses pontos, me deparo com um ótimo exemplar “romântico” que ao final da sessão, esquecemos as debilidades de sua direção e pensamos e refletimos sobre as condutas de seus protagonistas. O filme é se chama Amor, Dor e Vice Versa.

Em uma cena clichê, mas com efeito interessante, a heroína Consuelo (Bárbara Mori, Rubi) aos braços com o homem dos seus sonhos (Leonardo Sbaraglia, O Rei da Montanha, O Corredor Noturno) em uma bela planície, sendo que tudo não passa de um sonho. Cansada dessa solidão e a ausência de um amor, ela simula uma violação e vai para a policia entregar o retrato falado do agressor, sendo que mal ela sabe que o homem dos seus sonhos existe e com isso, o desejo do amor começa a se tornar um pesadelo.

Em uma co-produção México- Espanha- Estada Unidos e protagonizada pela uruguaia Bárbara Mori e o argentino Leonardo Sbaraglia o filme Amor, Dor e Vice Versa tem uma proposta que é a desfragmentação moral de seus dois protagonistas em uma trama sentimental e sedutora. Mas essa proposta que por um lado pode se dizer ousada terá um efeito significativo em seu publico alvo?

Um dos maiores trunfos do filme está sem duvida em seu roteiro. De inicio vemos um filme romântico utópico, mas ao decorrer do filme, o roteiro se preocupa em questionar a fragilidade de sua protagonista e fazer perguntas ao espectador se toda a jornada que a protagonista faz é moral ou não. Mas quando o filme pensa em se acomodar, acontece um twist na segunda parte que deixa o filme sedutor e de um suspense crescente que cada detalhe se torna uma peça curiosa a se encaixar no final.

Também os méritos vão para as atuações interessantes e intensas de Mori e Sbaraglia fazem toda a diferença. A atriz é pura beleza associado a personagem apenas aumenta a relação de fascínio e medo. Enquanto Sbaraglia não precisa provar mais nada, um ator legitimamente completo e na tela mais uma vez, mostra o porquê da admiração de muitos por seu talento. Um personagem que aumenta o teor sufocante da fita.

É um filme que mesmo com uma direção bem mecânica e talvez até aquém do que se propõe se sustenta de uma maneira maravilhosa pela dupla de protagonistas, sua proposta sedutora e uma reflexão final de nossos sentimentos. Amor, Dor e Vice Versa agrada no final de sua projeção em criar um filme romântico sem cair na obviedade do seu próprio gênero. Se a direção fosse bem melhor, estaríamos diante de um exemplar sem igual.

Ficha Técnica
Amor, Dor e Vice Versa (Amor, Dolor y Vice Versa)
Diretor: Alfonso Pineda Ulloa
Elenco: Barbára Mori, Leonardo Sbaraglia e Joaquín Cosio
Gênero: Romance/Suspense
Cotação: 70% - ***

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