Fúria de Titãs (Remake)


Um sociologo chamado Pierre Bourdieu, que já faleceu a quase uma década, fez um texto interessante e pesado sobre a questão da cultura nos ultimos dias. Ele falou em seu texto que a cultura em si, ou a arte em si estava morrendo. Que o capitalismo está destruindo a arte assim criando produções, e a cada momento quem é amante da arte ou do cinema está sendo vitima desse sistema ao ser testemunha de projetos duvidosos. Para muitos, esse dado curioso pode ser incrivelmente aplicado para a superprodução que estreia nesse fim de semana, o remake Fúria de Titãs.

A história do remake é quase identica ao original, na qual a rebeldia de uma cidade diante dos deuses do Olimpo, principalmente Zeus (Lian Nessom). Como castigo, a cidade deve sacrificar sua linda princesa, Andromeda (Alexia Devalos) para um terrivel e invencível monstro Kraken ou a cidade será destruida pelo mesmo. Como contraponto Perseu (Sam Wortthington) , um jovem pescador de familia humilde, se torna a ultima esperança dessa cidade e partirá em uma jornada para encontrar um meio de salvar essa cidade da inevitavel destruição.

Nesse mesmo texto desse sociologo de cunho marxista fala que esse mecanismo capitalista destroe a figura do artista assim moldando as necessidades desse mercado na qual, para eles, quanto for maior a mudança para atrair mais público, melhor. Fúria de Titãs conta com um elenco de estrelas, assim como o original, e é dirigido por Louis Leterrier, responsável por O Incrível Hulk e alguns filmes da produtora Europacorp no qual em sua maioria foram filmes de ação.

O roteiro do remake faz algumas alterações para que pelo menos exista uma agilidade ao projeto, mas ao mesmo tempo, essas mesmas alterações prejudicaram por falta de originalidade, frases feitas entre quase todos os personagens e acima de tudo, poucas profundidades em relação a mitologia grega. Assim demonstrando que por muitas vezes sabendo para quem vai ser direcionado o projeto, uma das ultimas coisas que os produtores vão querer lembrar é de entregar um roteiro memorável. E sim algo que dê uma incrível desculpa para rolar a ação.

De todos os atores, os que valem a pena ver são Lian Nesson e Ralph Fiennes. Mesmo com personagens bem caricatos, eles são os que mais se divertem em cena, principalmente Nesson, que faz um Zeus que sabe do seu poder e faz o que quer ajudado com um visual de um cavaleiro do zodíaco. E Ralph Fiennes faz o vilão da trama, o deus Hades. Mais canhestro do que seu companheiro e com um visual IDENTICO ao vilão de God of War do Playstation 2, Ares.

Enquanto a dupla de protagonistas os jovens Sam Worthington e Gemma Arterton fazem a sua parte como casal principal da trama diferenccial e com pelo menos um minimo de pingo de quimica já que o casal principal do original formado por Henry Halmlin e Judi Bowker mal tinham uma quimica decente. Por falar nisso, Sam Worthington pode ser um ator limitado, mas conseguiu ser extremamente melhor do que o protagonista original já que pelo menos Sam tem carisma de sobra e consegue chamar atenção para ver um filme e Henry não.

Um ponto realmente positivo e interessante é com certeza a questão visual. O filme é um deslumbre de efeitos visuais e principalmente existe um respeito aos monstros mitologicos do original, sendo que em um upgrade que funciona bem para os olhos. Além também de ter uma trilha sonora que funciona e que não faz feio, destaque a sequencia de luta contra os escorpiões.

Por muitas vezes temos que lembrar que o cinema em si, não é algo que é para poucos apreciarem. Sim, reconheço que são poucos que fazem o cinema em sua essencia ou seja em sua beleza. Ultimamente tentamos conviver com a arte do cinema e o capitalismo fazendo a sua arte em criar franquias e gerar muito dinheiro. Mas eles sabem que o proprio publico é que fazem a arte. É aquele que tem o dom de criar novas culturas e novas tendencias, mesmo algumas sendo meio que ... suspeitas.

E Fúria de Titãs nunca negou desde seu primeiro trailer o que iria ser: um filme raso em atuações e profundamentos mitologicos em seu roteiro, mas ágil e cheio de efeitos visuais como qualquer fita de ação que se viu nos ultimos tempos. Um filme que veio para dois propositos, ter uma bilheteria respeitavel e ao mesmo tempo satisfazer os anseios de um espectador mediano que só pensa na mera diversão e ter seu escapismo perfeito para os problemas da vida. Um projeto que lembra o quanto é importante desligar o cérebro na hora certa e no momento certo.

Ficha Técnica
Fúria de Titãs (Clash of The Titans)
Diretor: Louis Leterrier
Elenco: Sam Worthington, Gemma Arterton, Alexia Devalos, Mads Mkkelsen, Jason Flemyng, Polly Walker, Pete Postlehwaite, Natalia Vodianova, Ralph Fiennes como Hades e Lian Nesson como Zeus.
Gênero: Ação/Fantasia
Cotação: 80% - ****

Comentários

  1. Fiquei surpreso com seus comentários, afinal até agora não tinha visto muitos elogios para a produção. Não sou muito de "desligar o cérebro", mas tentarei, rsrsrs.

    ResponderExcluir
  2. Sério? Não consegui 'desligar o cérebro' e curtir os cenários digitais (rsrs). Tem certas cenas que me lembram uma mistura de Xena com qualquer tentativa de fazer uma adaptação de Odisséia ou Ilíada.
    E o uso de 3D só faz atrapalhar. rsr

    ResponderExcluir
  3. Tu gostou? Eu achei tão divertido quando um enterro. Mas continuo apostando no Sam Worthington como o astro do cinema - desde Avatar.

    ResponderExcluir
  4. Pois é cara, não achei o botão pra desligar o cérebro e não gostei do filme. Divertido aqui ou ali, com efeitos fantásticos e clima apropriado. Mas o roteiro é horrível, intragável. [50%]

    ResponderExcluir

Postar um comentário