Onde Vivem Os Monstros

Adaptar o impossível. Frase que está sendo cada vez mais comum nos dias de hoje, por incrível que pareça. Está cada vez mais comum perceber novos projetos que de inicio pareciam impossíveis de se tornar concretos e plausíveis. No ano passado fomos agraciados (ou pelo menos uma parcela interessante) com a adaptação da novela gráfica Watchmen. E agora, no inicio do ano, voltamos a ver esse desafio porém com algumas coisas que não ficou tão impactante ou especial para quem viu. O filme Onde Vivem Os Monstros de Spike Jonze.

O filme relata a vida de Max (Max Records), um garoto tem uma grande imaginação para compensar a ausência de alguns elementos em sua vida e um dia, após de morder a mãe (Catherine Keener, Genova), ele foge correndo de sua casa e vai parar em um mundo desconhecido e já começa a se interagir com os monstros que vivem por lá e se auto-proclama rei.

O livro que baseou o filme é um dos mais celebrados na cultura americana já que é todo ilustrado e só tem apenas 10 frases o livro inteiro. Mas o trabalho de Maurice Sendak deve ser respeitado por conseguir em uma estrutura simples ser uma referencia para a infância como um projeto que valoriza o papel da mãe atrelado com o contato com o desconhecido.

Mas ai vem um dos problemas mais evidentes do filme. O roteiro de Jonze junto com Dave Eggers transforma um livro inocente em um estudo profundo da problemática da juventude já que transforma de uma maneira extrema o personagem principal como um rapaz conseqüente da ausência da unidade da família e transforma o mundo selvagem como uma versão extrema e conseqüente dos desejos dele, assim como Coraline essa linguagem além de afastar o publico base, consegue ser mais falho para o publico adulto já que ele tem raros momentos que consegue envolver o espectador, mesmo com o esforço do protagonista Max Records que segura o filme de uma maneira belíssima apesar do próprio andar da história ser complicada.

Outro fato triste é a direção de Jonze. Mesmo criando alguns planos belíssimos como a cidade de miniatura (que por sinal é a melhor cena do filme) o resto se torna um exercício de paciência e boa vontade. E quando parece que o filme vai passar de marcha, volta ao ponto morto, uma lastima mesmo. Acredito que um verdadeiro ponto positivo do filme, além da atuação do garoto, é a trilha sonora de Karen O. junto com o compositor Carter Burwell e detalhe, a trilha da Karen conseguiu ser melhor do que o ultimo disco da banda dela, o Yeah Yeah Yeahs na qual sou admirador mas reconheço que o ultimo disco é difícil de digerir.

Onde Vivem Os Monstros é mais um daqueles filmes onde a idéia principal se perde não só apenas pelo roteiro, mas sim pelo um conjunto que ao invés de entregar um espetáculo sobre a infância, presenteia ao espectador um projeto cansativo, sem carisma e principalmente sem emoção. Acredito que o filme poderia ter sido um passaporte para a fantasia mas se tornou uma estrada sobre o quanto sofre a juventude atual. Poderia ter sido bem melhor.

Ficha Tecnica
Onde Vivem Os Monstros (Where The Wild Things Are)
Diretor: Spike Jonze
Elenco: Max Records, Catherine Keener e Mark Ruffalo. E com vozes de: James Gandolfini, Paul Dano, Forest Whitaker, Catherine O'Hara, Chris Cooper e Lauren Ambrose
Gênero: Drama/Fantasia
Cotação: 50%



Também aproveitando o post para agradecer a todos que escreveram suas opiniões sobre a lista de 2009. Aqui vem um muito obrigado sincero e que esse ano seja muito mais do que nós imaginamos.

Comentários

  1. Acho que o trabalho de adaptação do filme foi muito bom, me senti presente naquele universo durante toda a projeção. Fato é que é um filme muito pessoal e pode mesmo causar as mais diversas reações no espectador.

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  2. Onde Vivem os Monstros é um filme muito bonito e único, não feito para crianças, porém chato e egocêntrico.

    NOTA (0 a 5): 4
    ****

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  3. Eu baixei esse filme, mas não tive coragem de assistir ainda não, tou esperando estrear por aqui. Mas as críticas estão sendo ótimas, e a sua - mesmo com resalvas - ainda me faz querer assiti-lo

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  4. O filme estreou em pouquissimas cópias, se não conseguir vê-lo nos cines, vou deixá-lo para o DVD mesmo.

    Beijos! ;)

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  5. que alívio de não ser única que não vislumbrou com essa adaptação(!) rs e Winterbotton tb assino embaixo.

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  6. Pelos comentários que tenho visto, o filme tem algumas derrapadas, mas ainda quero vê-lo ...

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  7. Crítica bem antagônica sobre o filme. Espero que eu goste mais, pois estou com altas expectativas. Jonze não me deu motivos para desapontamento até hoje.

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  8. Este filme me parece tão sutil, singelo, tem esse aspecto cativante de fantasia.

    Preciso conferir e já!

    abraço

    Parabéns pelo blog, já sou seguidor! ^^

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  9. Eu já não espero muito desse filme não. Acho também que esse é um filme sem publico. Sério demais pra criança, infantil demais pra adulto. Uma pena, mas acho que Jonze deve ter muita inspiração pela frente ainda.

    Ahh, "Mary and Max" é realmente um filmaço, me desarmou completamente! Valeu muito a dica! heeh


    Abs JP!

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  10. João, tudo bom?
    Um leve susto ao olhar pra tela do computador, rs.

    Estou louco pra ver esse ainda, mas pelo visto terei de esperar em DVD!

    Abraço!

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  11. Concordo exatamente com o início de seu texto, João. Tem muitos filmes nos surpreendendo com histórias aparentemente simples que se revelam ótimos projetos se nas mãos das pessoas certas. Não conheço o livro do Sendak, mas só de saber que tem umas 10 frases, e o Jonze fez essa preciosidade com esse material, fico mais fascinado ainda. Gosto bastante do resultado e de todas as escolhas para compor o mundo imaginário e repleto de psicologias de Max. Um filme maduro sobre uma criança. Isso é muito difícil de fazer.

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