Clube da Luta e Eu




Parece que foi ontem e quando olhamos e percebemos, já se passou 10 anos da estréia de um dos melhores filmes que já vi em minha vida, e de muitos que conheço. O clássico supremo de David Fincher, Clube da Luta, que conta no elenco Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonhan Carter. Mas também não devemos esquecer que no dia 3 de novembro de 1999, data do meu aniversário, foi o dia que Clube da Luta se tornou essencial em minha vida e traumatizante para muitos.

Nessa noite do dia 3 de novembro, um maníaco entrou na sala de cinema em São Paulo e metralhou as pessoas que estavam dentro do cinema e ainda bem que tinham poucos, mas mesmo assim teve vitimas fatais. Lembro-me na época que todos os meios de comunicações possíveis diziam que o filme era culpado pelo comportamento, assim coroando as problemáticas de “filmes violentos” junto com o fato de Columbine nos Estados Unidos que até hoje juram que Matrix influenciou os assassinatos.

Ainda lembro minha mãe ficando estarrecida pelo fato do filme e ainda mais, por que ela sabia que estava louco para assistir e me proibiu durante alguns meses de mencionar o nome do filme para ela por causa da tragédia. Depois acompanhando quase todos as noticias possíveis, lembro de uma que passou no Programa do Ratinho onde mostra um dialogo no inicio do filme do personagem de Edward Norton reclamando do seu trabalho e como um condutor que sabe bem medir suas palavras, Ratinho não poupou o filme.

Porém dias depois foi descoberto que em realidade, o massacre foi incrivelmente planejado pelo autor do crime já que viu o filme dias antes e até escolheu o momento certo do tiroteio. E com isso o debate continuou durante alguns anos. Quando eu vi o filme, ainda me lembro como eu fiquei arrepiado com tudo aquilo. Mainha no inicio ficou aterrorizada com tanta violência, porém ela viu que consegui ver algo além disso. O roteiro de Jim Uhls e baseado no livro de Chuck Palahniuk faziam não só apenas uma visão estranha de se sentir livre com o pulsar da violência. Mas já demonstrava e fazia uma critica pesada a sociedade pós guerra fria que começou a entrar em uma avalanche capitalista ferrenha no qual a pessoa esquece sua vida e começa a viver baseado no que consume do que realmente é.


E se não fosse a química indispensável de Norton e Pitt, praticamente não existira Clube da Luta já que eles são a alma de personagens que são encantadoramente violentos que conquistam o carisma do espectador em suas primeiras cenas. Porém o show se reside em Brad Pitt. Um personagem que acreditamos que é tal amoral quanto sua filosofia, porém sua construção é tão incrível que ficamos no final, sufocados e ao mesmo tempo admirados com sua tamanha atuação e entregar uns dos personagens mais marcantes do cinema.

Até hoje não acredito que o filme seja violento, afinal não foi só apenas provado que por muitas vezes para desvirtuar um desequilíbrio emocional, alguns usam o recurso de jogos, musicas e filmes para provar o quanto é ao mesmo tempo falho em assumir que é um álibi por muitas vezes perfeito. Não podemos esquecer que também foi um dos temas levantados em Pânico 2 no qual um dos assassinos queria culpar o filme fictício para justificar seus atos.

Hoje, vejo todo santo ano Clube da Luta e toda vez vejo uma coisa nova. Mainha compreende que amo o filme e até hoje sonha em me dar o DVD especial do filme. Pelo menos pode ser aqui o post de aniversário que deveria ter feito no começo de maio, sendo que por muitos problemas técnicos, pessoais e etc, não deu para concluir alguma coisa. Pelo menos hoje no meu aniversário posso fazer alguma coisa. E além disso, Clube da Luta sempre será um filme de dizer palavras por que é difícil encontrar tais verbos para ele ... abraços a todos.

Comentários

  1. O Fincher não faz filmes violentos, faz filmes sobre violência. Essa frase é dele inclusive.

    Eu idolatrei por muito tempo CLUBE DA LUTA, hoje gosto com moderação. Enxergo suas falhas - além dos acertos. Prefiro ZODÍACO e SE7EN.

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  2. Preciso rever este filme. Já vi duas vezes e em ambas tive reações diferentes (o que comprova a força do filme). Quero ver o que vou encontrar em minha terceira visita...

    Do Fincher, porém, prefiro Zodíaco e Benjamin Button.

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  3. É um ótimo filme, sem dúvidas, e um dos melhores trabalhos de Fincher. Preciso revê-lo, já que acredito que o filme tem bem mais a dizer do que eu conseguir na época pegar.

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  4. Tão nietzschiano, (tão perigoso,) tão irresistível...

    Brad Pitt: excelente.
    Edward Norton: excelente.
    Helena Bonham-Carter: excelente.
    Montagem de James Haygood: excelente.
    Banda Sonora de John King e Michael Simpson: excelente.

    David Fincher está genial, a originalidade brota-lhe em cada fotograma. Clube de Combate é uma obra-prima e a melhor obra da sua carreira. Um dos melhores filmes de que haverá memória.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  5. Pequena e inesquecível obra-prima, tão controverso e tão imediatamente intenso. Um filme que foi um marco, de fato. A violência? Não foi isso que me chocou mais, mas sim as atuações únicas e um roteiro louco-elaborado-verdadeiro.

    Puta filme!

    10 anos? nossa, estou mesmo é envelhecendo...

    Parabéns pela resenha, acertou nos tons exatos e deu todo clima do filme, deu até vontade de revivê-lo.

    Abraço e te sigo!

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  6. Belo post! O filme realmente é sensacional! Também tenho o hábito de revê-lo de tempos em tempos.

    Abraços,


    Sandro
    http://minervapop.blogspot.com

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  7. "Clube da Luta" é obra-prima. O "Laranja Mecânica" da nossa geração! Um filme que, ainda bem, tem seu valor reconhecido por gente como você. :-)

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  8. Gostei do que a Kamila disse: "O "Laranja Mecânica" da nossa geração!".

    Um puta filme!! Gostei bastante deste seu post. Tenho a mesma mania de ve-lo de tempos em tempos.

    Abraço!!

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