O Céu de Suely

Uma coisa comum no nordeste é a rifa. A rifa é um modo meio que ilegal de se fazer um sorteio de um objeto qualquer e sempre com um preço lá em baixo, variando de 50 centavos a mais caro... Dois reais. E é essa rifa que vai guiar a desiludida Hermila, uma bela jovem, que volta para cidade natal, uma pequena cidade de Ceará, que volta com seu filho pequeno nos braços esperando o seu amado voltar. Mas a frustração cai por terra ao saber que seu suposto amado não irá voltar (...).

Visto com um atraso tremendo de minha parte, não consegui ver antes por falta de localizar o filme, mas encontrei. O Céu de Suely dirigido pelo cearense Karim Ainouz e protagonizado pela pernambucana Hermila Guedes. O filme se passa no grande sertão nordestino, sendo que, não é como a maioria pensa que a localidade só presta para mostrar a pobreza da região. Puro engano.




(...) Tentando viver com a dor de saber que o seu suposto amado não irá mais voltar, ela tenta viver na cidade onde ao mesmo tempo é uma passagem para dor, também é de novos caminhos. E para sair dessa realidade, ela tem uma brilhante idéia. Ela para conseguir o dinheiro suficiente para ir ao Sul, ela irá rifar “uma noite no paraíso” com ela e ganha uma alcunha de Suely, ao mesmo tempo ela consegue o sucesso com a rifa, ela irá enfrentar os preconceitos e a ética de colocar o seu corpo a premio.

O roteiro é algo de se elogiar. Faz o que quase nenhum filme nacional faz: fugir dos padrões dos blockbuster nacionais, colocando uma história simples, mas ao mesmo tempo rica em desenvolvimento de personagens e situações. A trilha sonora é um atrativo a mais, com músicas que ficam na sua cabeça e musicas da região e do jeito como é demonstrado surpreende um mero cético, por que, algumas canções que foram executadas como Blá Blá Blá e Coração, as duas cantadas pelo grupo Aviões do Forró e Eu Não Vou Mais Chorar cantada pelo grupo Ave de Rapina, foram tocadas com tanta exaustão que chegou ao ponto de desligar o radio. Porém, quando é executada no filme, ao mesmo tempo cria um tipo de saudosismo, e para completar, faz uma relação entre a canção e a personagem principal.




Os atores do filme fizeram uma atuação simples, proveniente do teatro, que ajuda na naturalização do personagem. Fora isso, o diretor opinou em usar o nome original dos atores para o filme, assim criando um tipo de desafio para os atores, dando profundidade as suas caracterizações. E com certeza e de longe, a interpretação da pernambucana Hermila Guedes, entrega uma atuação que cai o queixo, fazendo uma das atuações mais naturais e sensíveis do cinema brasileiro.

Um verdadeiro achado do cinema nacional, um filme que foge dos padrões estabelecidos pela nova corrente nacional que ao mesmo tempo achou a fórmula do sucesso achou também o maior erro de tentar colocar linguagem televisiva no cinema e colocar roteiros sofríveis. Um filme que mostra que um lugar pode ter um sentido dúbio, onde pode se ver esperança em algo que já não demonstra isso. Atuações inesquecíveis. Uma pena que esse filme não foi para o Oscar como melhor filme estrangeiro, por que se fosse ganhava tranqüilo. Um dos melhores filmes nacionais que já vi, e só vi esse ano, já está no meu top do ano.

O Céu de Suely (Love For Sale-Eua)
Diretor: Karim Aïnouz
Elenco: Hermila Guedes, João Miguel, Georgina Castro, Maria Menezes, Zezita Matos, Marcelia Cartaxo
Gênero: Drama/Romance
Duração: 88 Minutos

Se Gostou de O Céu de Suely, Recomendo

Casa Vazia de Kim Ki-Duk
Madame Satã de Karim Aïnouz
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain de Jean Pierre Jeunet

Comentários

  1. Motivação é o que não falta para mim ver este grande filme, o problema tb é a dificuldade de encontrar...
    Eu gosto deste tipo de drama, que gira em torno de uma personagem em descobrimento...deve ser interessante ver um filme nacional com este potencial!
    xD
    abraço
    http://eco-social.blogspot.com/

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  2. É simplesmente sensacional! Karin supera e~muito Madame Satã.
    abraço!

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  3. Gostei desse filme, mas acho que faltou algo, não sei exatamente o que, mas preciso reve-lo, foi a mesma sensação com Paradise Now. São grande filmes mas que não me conquistaram. Como disse, teve algo ausente para mim.

    Nota 6,5 (sujeito a alterção, já que vou reve-lo)

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  4. Tenho um grande motivo para gostar de O CÉU DE SUELY,ser grande fã do trabalho anterior do Karim,MADAME SATÃ.Vc sabe se este filme já está disponível para locação,João?Ainda naum pude ver,mas desde q foi lançado ano passado ando salivando...

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  5. JP, até mesmo os filmes nacionais sofrem quando são distribuídos por todo o país. Por não ser uma produção da Globo Filmes, “O Céu de Suely” ganhou somente o circuito alternativo. Para se ter uma idéia, nem nas locadoras mais populares da região tem o DVD. Um dia pretendo vê-lo, vontade não me falta.

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  6. Fala, meu caro JP! Ainda não vi esse filme que foi bastante elogiado pela crítica! E belo texto o seu, heim, rapaz!

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  7. Ainda não assisti, mas sou doida para ver "O Céu de Suely".

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  8. Frustração total por nunca ter visto esse filme! E pensar que troquei-o de última hora por Má educação...
    Achei engraçado você ter dito que não consegue assistir o filme, por que assim?
    Na proxima oportunidade assistirei sem falta! Enquanto isso fica aqui um elogio ao seu texto que tá muito bom e que me deixou ainda mais ansiosa para ver o filme!
    Abraços

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  9. Cara, esse filme é espetacular. Realmente é uim achado dentro do nosso cinema que vem se enriquecendo bastante. Mas O Céu de Suely possui uma atmosfera diferente daquilo que a gente costuma ver. A direção é impecável, assim como as atuações. Revendo o filme, pude perceber o quanto tudo tem o seu devido lugar, nada é de graça ou deslocado. Ou seja, perfewito do início ao fim. E que cena final, fechando com chave de ouro um filme que vale muito.

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